sexta-feira, 21 de agosto de 2009

O Novo Guitarrista

               Óleo sobre tela; 41 X 33 Cm. VENDIDO

domingo, 16 de agosto de 2009

Soneto (Miséria)

Restos estragados, frutas podres
E um pão duro achado na lixeira.
Eis nosso jantar de sexta - feira:
Um brinde a fome vil - Musa dos pobres.

Somos mendigos sim! No entanto, nobres
No reino da miséria e da sujeira
Comendo restos, sentados a beira
Da sarjeta imunda dos casebres.

Com o ventre a roncar vamos a cata
De um bolo velho ou queijo mofado
Em cada lixo que estiver em cada lata.

E como todos, seguimos nosso fado:
Matar de qualquer jeito o que nos mata...
Devorar antes de ser devorado.

sábado, 15 de agosto de 2009

Paisagem Nº5 (final)

A pintura concluida: Com as sombras e a luz, detalhes e etc. Infelizmente a câmera não ajudou muito.


Paisagem nº5 (intermediário)

Na etapa intermediária é possivel observar que a base já foi quase toda acrescentada, assim como alguns detalhes. As cores já estão definidas, falta luz e contraste.

Paisagem Nº5 (inicial)

Etapa inicial: Rascunho e base. Nem toda a base foi adicionada, ainda dá pra ver alguns traços do carvão vegetal que uso para os rascunhos. Nessa etapa começo a definir as cores.

sábado, 8 de agosto de 2009

Soneto (Duas Partes)

Temo ainda o teu sorriso de inocência
Qual se o fio de uma espada fosse então -
Quando me rasga o peito, me divide o coração
E o lança na escuridão de sua ausência.

Pesso que o leves contigo... Pesso em vão.
Sei que insisto, e que te enfada a insistência;
É que me apavora ainda mais que a carência
Ser o vazio de ti minha prisão.

É que me abandonas assim e eu dividido
Pesso ao menos o que de ti há de sobrado,
Para repor o que de mim se foi perdido.

E o que me falta se por ti fôra levado...
E de ti deixado o que por mim foi acolhido...
Então seremos, de dois seres - um formado.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Um Pouco de Erotismo

No conto Naturazas Mortas, eu utilizo um pouco de erotismo para dar uma pitada a mais no suspense. Isso costuma ficar bom.
... No rádio o fuzion cede ao bebop, e o sax de Parker dá lugar ao fraseado melancólico e sensual do trompetista Wynton Marsalis. Boa trilha sonora para uma noite de sexo. O macacão jeans escorrega ao chão, revelando sua nudez: pernas grossas e torneadas; seios pequenos e firmes; na barriga lisa e bem abaixo do umbigo pequenos pelinhos dourados começam a nascer, e vão descendo até formar uma leve pelugem; corpo desejado... No chuveiro ela deixa a água quente cair sobre sua pele. De vagar esfrega os cabelos, agora soltos, com um xampu perfumoso, e a espuma desliza suavemente por suas curvas, entre os seios, quadris, pernas; sabonete líquido de amêndoas, aos poucos as mãos encontram o pescoço delicado, com suavidade descem aos seios, leves carícias, alcançam a barriga, a cintura... Olhos fechados ela fantasia, são as mãos de seu amante invisível a percorrer suas curvas, mãos ousadas, de vagar, entre as pernas, enquanto a água quente a envolve...

Naturezas Mortas


“... Nesse caso, é preciso olhar além da forma, além do objeto representado, mais ou menos como na abstração; contudo, diferente da obra abstrata, aqui a representação ou o objeto representado importam enquanto componentes referenciais de uma realidade a ser superada. É preciso se apoiar no objeto para ir além dele, como diria Wittgenstein ‘deve se jogar a escada fora’ depois de superado esse objeto. Essa é uma espécie de beleza transcendental, a beleza que emana das naturezas mortas.”
O flat era pequeno, à medida que se tratava de um único cômodo em um velho prédio de uma rua movimentada. No entanto, era um lugar espaçoso e bem organizado, com uma boa iluminação; e foi só por isso que a mulher aceitou o aluguel sem reclamar, pela iluminação, vital para uma artista como ela.
(Nesse conto eu eu aproveito para estabeleceu um diálogo entre duas linguagens artisticas: a Literatura e a Pintura. Além de tecer alguns comentários sobre Estética. Acho que é um conto bem experimental. Ao menos para mim.)

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Soneto (Noite e Dia)

Ainda anseio outra vez o teu olhar
Que o meu coração febril cega... Seduz...
Quando num raio que a luz do sol produz
Vem à gruta de meu peito iluminar.

Mas se o luzir um dia em trevas se reduz
Põe-se ele, de amargura, a lamentar
Pois se em sombras for agora mergulhar
Melhor seria nunca houvesse visto luz.

Se em minhas sombras sua luz se irradia,
E em sua luz a minha sombra se ignora
No equilíbrio da mais perfeita alquimia...

A escuridão da noite então eu sou agora
E me completas, tu que és a luz do dia,
Para juntos nós formarmos a aurora!

(Escrito na mesma época que o anterior.)

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Soneto (Frio e Fogo)

Não sei se habito a tundra gélida, vazia,
A ansiar pelo calor do sol luzente;
Ou se percorro, do deserto o solo ardente,
Esperando em vão, dos céus, a chuva fria.

Não sei se busco nos iguais o diferente,
Ou o que existe ao certo entre a noite e o dia.
E na angustia de saber - não saberia
O que procuro se o visse a minha frente.

Seja o vento feroz de um tufão...
Da magma pétrea o fogo abrasador...
Ou um mistério sutil do coração.

Se for frio - que aplaque o meu ardor;
E que me aqueça a alma - se for fogo então;
Mas... E se for... e se for, meu Deus, o amor?

( Escreví esse soneto a muito tempo atrás. Acho que ficou uma coisa meio barroca. Enfim... foi em uma época de incertezas e angustias.)

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Anoitecer no vale.



Uma paisagem. Pintura a óleo sobre tela. Devo me desculpar pela péssima qualidade da foto, mas ainda assim dá pra ter uma idéia.

O Clube (fragmentos)

“Declaro aberta a sessão!” Proferiu solenemente o Senhor M. prostrado de pé a nossa frente. Após o que todos repetiram o juramento: silêncio absoluto, escolha do substituto, o que acontecia no Clube permanecia no Clube, etc. e etc. Depois disso o presidente se levantou e abriu uma das portas que permanecia sempre fechada, só ele tinha a chave do cômodo que parecia ser uma cozinha, e após alguns segundos lá dentro voltou trazendo uma bandeja de prata, coberta por um lenço de seda vermelho sangue que ocultava um volume somente desconhecido para a Ruiva. “Todos conhecem as regras, que são muitas e necessárias, mas como é de praxe, vou repeti-las para que fiquem bem claras...” E as regras foram repetidas na lenta liturgia do presidente da sessão. Transcrevo ao leitor apenas as mais pertinentes e relativas ao acontecimento que teria início: O primeiro é escolhido por sorteio; o giro se dará sempre em sentido anti-horário, ou seja, segue a direita do que deu início; uma vez iniciado o processo, seu término só se dará com o desfecho devido...
Após o discurso de abertura, no qual todos olhavam respeitosamente para a bandeja que havia sido depositada no centro da mesa, o presidente Senhor M. estende a mão e retira o lenço de seda vermelho sangue que a cobria, revelando uma arma brilhante, um revolver Magnum 3,57 inox de cano curto e refrigerado, e uma única munição. Instrumentos esses que ainda me causavam arrepios e evocavam lembranças aterradoras, no entanto, tudo isso agora, pela segunda vez, me deixava levemente excitado. Olhei para o rosto dos outros sócios, Senhor M. parecia impassível, talvez, depois de tantos anos aprendeu a não temer mais a morte; talvez fosse apenas tolo o suficiente para acreditar que depois desses anos não sofreria mais o desfecho, como alguém que com o passar do tempo adquire imunidade a uma certa doença; ou poderia simplesmente ser indiferença, a triste e doentia indiferença a quase tudo, até mesmo a vida ou a morte; são apenas conjecturas, a face do Senhor Mostarda sempre será um enigma. A loira se esforçava, mesmo ali, em dissimular seus sentimentos, e como sempre não era inteiramente bem sucedida; por trás da máscara de tédio e impaciência se percebia facilmente o temor, acentuado talvez por uma velha lembrança; o metal frio da boca da arma contra sua têmpora e o click seco de uma câmara vazia. A Ruiva, essa não dissimulava nada, olhou para o revólver com os olhos arregalados e um tremor visível percorreu o seu corpo, sua face empalideceu levemente e os pelos de seus braços, que se mantinham apoiados na mesa, eriçaram de forma repentina; ela engoliu em seco e olhou para a Loira; a curiosidade cedeu lugar de vez ao medo...
(Esse conto de minha autoria é um típico exemplo da literatura comercial: uma leve dosagem de sarcasmo, erotismo, violência e suspense. Uma leitura simples para passar o tempo e exercitar a imaginação, aparentemente sem grandes contestações ou profundos questionamentos filosóficos.)

Serenata


Essa pintura a óleo é um tema surrealista de minha autoria, uma tela que pintei para minha namorada algum tempo atrás. Os três elementos principais representam os três níveis do ser humano: instintivo (gato), afetivo ou emocional (homem com violão [que representa a música ou a arte em geral]) e a mulher (o ser humano ou o aspécto racional). A ordem é a do nível de força e antiguidade desses elementos; desse modo, o nível instintivo está acima dos outros, depois segue o emocional e por ultimo o racional. Ou cortando todo esse papo, a pintura pode representar simplesmente o artista fazendo uma serenata para sua namorada ao luar, enquanto ela sonha com ele, que é um gato, kkkkkkk.

Planta na escada


Essa é uma pintura a óleo de minha autoria, a primeira desse tipo. Geralmente costumo pintar abstrações, alguns temas surrealistas e um pouco de paisagens. Tentei dar a impressão de imágem em um vitral antigo mas acho que não fui muito bem sucedido, espero que a próxima fique melhor.

Jornal de Ontem (fragmento)

Lentamente o velho e enferrujado 38 de cano curto desliza por entre seus dedos, com três cápsulas vazias no tambor e a fumaça ainda escapando da boca. Só o baque da arma ao atingir o chão rompe o silêncio, cujo fundo era o compassado som de uma respiração ofegante e pesada, de uma respiração executada com os últimos esforços de quem luta para se manter consciente. Aos poucos os fortes cheiros de pólvora e sangue se mesclam e o calor de um entardecer ensolarado tornam o ambiente nauseante. As cortinas fechadas deixavam o cômodo mergulhado em uma semi-escuridão constante em todos os dias, mas agora, o abrir repentino da porta permite que a luz invada a sala, e o homem ajoelhado, cego pela claridade, cobre o rosto.
No chão de tacos ele leva a mão aos olhos, enquanto a outra permanece imóvel, no gesto de quem segura uma arma que já não existe. Um misto de emoções e sentimentos atravessam-no, e se tornam visíveis em sua face disformada: buccinatorius, zygomaticus, frontalis, orbicularis, procerus se contraem em espasmos involuntários. E a soma das emoções acaba por dar-lhe uma aparência horrenda e inexpressiva. Uma vez que seus olhos se acostumam à nova luz, o homem volta a encarar os dois corpos que jazem no chão. O rapaz, de uns vinte anos, atingido duas vezes no peito, vai aos poucos sendo envolto em uma poça de sangue. A moça, com a mão na barriga, tenta em vão conter o sangramento; ela fecha os olhos e a pesada respiração diminui, cada vez mais, até se tornar inaudível, até cessar de vez; na face pálida um fio de lágrima escorre, marca de um ultimo choro desconhecido...


(uma das técnicas de narrativa que eu costumo utilizar com frequência quando escrevo meus contos é iniciar a descrição da cena a partir de um ponto específico, como pode ser notado no início deste fragmento. Contudo as vezes eu costumo usar formas alternadas nas descrições, partindo também de uma perspectiva mais ampla. A seguir, no mesmo conto, pode ser observado: "Nunca vou esquecer aquela cena, a velha sala, ampla e vazia...")

Quarto de Motel Blues

Meus olhos acompanham com desejo o ritmo dos seus quadris
Voluptuoso vulto se insinua entre a meia luz
Tire o vestido de vagar, mas deixe os sapatos de verniz
Sinto na pele o gemido da guitarra no solo de um blues
Espelhos, colchas de cetim e uma garrafa de bourbon
Rubro batom arde nos lábios, sua pele alva de luar
Cheira a luxuria, acende a chama do meu olhar.

As vezes penso que o mais próximo
Que um dia eu vou chegar do céu
É uma noite de amor num quarto de motel

Ouço um sussurro no escuro
Sinto o teu corpo junto ao meu
Me convidando pro seu jogo: "Vem, vamos nos divertir!"
Você diz que é toda minha, eu digo que sou todo teu
Enquanto as minhas anciosas mãos terminam de te despir
"Deita na cama!" E eu vou por cima, ou vice versa tanto faz
Você bem sabe e eu também sei o que te dá mais prazer
E essa noite é toda nossa: "Apague as luzes do amanhecer!"

As vezes penso que o mais próximo
Que um dia eu vou chegar do céu
É uma noite de amor num quarto de motel.


(Essa é a letra de uma música que eu fiz há alguns meses atrás. É um blues em E. Queria explorar um pouco de sensualidade em um ritmo de blues. Também a chamo de música para setreptease, ouvindo dá pra saber o motivo.)

domingo, 2 de agosto de 2009

Três Minutos

E ae, vai na balada? Jah eh! “Karen conversa” É o que aparece piscando em azul na barra de ferramentas. O garoto maximiza a janela do Messenger e nota que Karen colocou a foto dela. Vc eh gatinha msm. Espera alguns segundos, “Karen está digitando uma mensagem”, minimiza a janela e separa as outras três que estão abertas na área de trabalho.Vlw mano! Teh mais. Vlw parcero. Fecha uma das janelas. “Vivi conversa” ...naum sei, tou na duvida. Pow, Koeh gatinha, entaum me dah o seu numero ai. Minimiza. Novamente o som familiar, na barra de ferramentas “Karen conversa”. Clica na janela. Sou nada. Pra mim vc eh d+. J. Lúcia já não responde há algum tempo, deve ter saído. O garoto fecha a janela dela. Volta os olhos para o canto inferior direito do Desktop, ainda restam sete minutos e meio. De algum lugar chega uma voz quase inaldível, e mesmo sob as intensas marteladas das guitarras e bateria da Slipknot, nos fones de ouvido ensurdecedores, a frase consegue fazer algum sentido. Entra no CS aeh! Vacilão! Sem desgrudar os olhos do brilhante monitor de LCD, que naquele ambiente escuro parece adquirir um brilho azul ainda mais intenso, o garoto murmura automaticamente. Counter Strike é o caralho! Maximiza outra janela. O guerreiro solitário desfere seus golpes de espada contra as criaturas da planície de Mu; sua vida se esvai, mas um gole da poção de Healt pode lhe restituir as forças. Dois monstros caem mortos aos pés do bárbaro, que recolhe seus espólios, e com a experiência adquirida sobe para um nível mais elevado na categoria, agora sua armadura ganha asas e ele pode se mover com maior velocidade pelo mapa e ir enfrentar os seres dos desertos de Valtar. Ctrl + R, e o guerreiro inicia sua longa jornada. Minimiza a janela do RPG. “Karen conversa”, Pow, me add lah no Orkut. Jah eh! Vou ter q sair, depois eu volto. Vlw, bjs gatinha : ). O garoto enxuga uma gota de suor que escore em sua testa. O ar não está funcionando, mas ele nem se dá conta disso. Clica em Vivi. Pow! kd vc? Fecha. Olha para a barra de ferramentas. Duas janelas piscam ao mesmo tempo. “Vivi conversa”. “Lúcia conversa”. Outras tês janelas do navegador ainda estão minimizadas na barra, uma do Youtube, que carrega um clipe do korn; uma de um site pornô e outra de um desses baners que ficam abrindo automaticamente. Seus olhos se dirigem novamente para o canto direito. A contagem agora está em cinco minutos e meio. Clica em Vivi e lê. Foi mal, tive q ver o q minha mãe queria. Tah tranqüilo. Vou te dar o meu Cel... Passa aeh... “Vivi está digitando uma mensagem.” Maximiza a janela do Jogo. O guerreiro, agora em sua armadura alada, desfere os golpes automaticamente. F5. O jogo está sendo salvo. Clica em Lúcia. Sob o som estrondante do Korn o garoto ouve um estalo que não faz parte da música. Mais dois estampidos. O monitor apaga e os fones de ouvido ficam mudos. Aos poucos a imagem de um personagem de anime grafitado na parede negra vai tomando formas. O silêncio é quebrado por uma voz que grita. Pega logo essa porra e vamo! Anda! A porta se fecha. No chão uma mancha rubra se forma ao redor da cabeça do dono da Lan, que está caído de uma forma esquisita; e o cheiro da pólvora toma conta do lugar. Tudo isso ocorre nos três segundos que a mente do garoto leva para sair do mundo digital. Ele olha para o lado e vê que um dos disparos atingiu o gabinete da máquina que estava usando. Gira a cadeira e murmura transtornado. Puta-que-pariu! Ainda tinha três minutos! E diz em voz alta para si mesmo. Ainda bem que eu salvei o jogo!