segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Trecho: Noite de Sexo ao Luar (canção)



Noite de sexo ao luar...
Minhas mãos passeiam por sua nudez;
Calor sonoro, doce palidez...
Na pele o perfume - cheiro de mar.

Noite de sexo ao luar...
Sentidos dispersos ao sabor das marés.
Sou um escravo jogado aos seus pés...
Teus beijos tentam me aprisionar.

Noite de sexo ao luar...
Talvez estrelas - olhos de voyeur...
Curvas das ondas - corpo de mulher...
Lânguida lua vem nos espiar.


Noite de sexo ao luar...
Teus lábios - toda fonte de meu prazer...

Meu deus espero nunca amanhecer
Nessa noite de sexo ao luar...

Nesta canção, assim como em "Quarto de motel Blues", trabalho novamente com o erotismo através da música.
Acredito, e esta é apenas minha opinião, que um músico ou uma banda não deveriam se limitar a uma temática unilateral (explorando apenas uma faceta da personalidade humana); como p. ex. questões sociais, afetivas, etc. E sim, que esses elementos deveriam ser trabalhados juntos nas canções, ou ao menos, que fossem considerados, ainda que individualmente. Um musico ou uma banda geralmente tem alguma predominancia temática, conquistando assim um público de determinado segmento social ou desenvolvimento intelectual. Contudo, as maiores (e melhores) bandas, cantores, etc., diversificam em suas canções, com musicas de protesto e/ou de caracteristicas sociais; músicas lírico-sentimentais, de amor, ódio, ciúme, etc.; e músicas que, em maior ou menor grau, tratam do erótico. Dessa forma, suas canções falam a todos os indivíduos em seus diferentes níveis: instintivo-vegetativo (temática erótica), afetivo-sentimental (temáticas sentimentais), racional (temáticas sociais, de protesto, filosóficas e assim por diante). Assim, se uma música não cativa alguém, por tratar de um tipo de protesto ou questão social que não diz respeito aquele indivíduo; uma canção sentimental poderia ter algum efeito sobre essa pessoa. Isso apenas com relação as letras. Note estes exemplos, extraídos de algumas músicas de uma das maiores bandas brasileiras de todos os tempos:
RACIONAL (protesto / sociedade)
"Vamos celebrar a estupidez humana/ A estupidez de todas as nações/ O meu país e sua corja de assassinos..." "Que país é esse! Que país é esse!..."
AFETIVO (sentimentos: amor, ódio, etc.)
"Tire suas mãos de mim, eu não pertenço a você..." "Acho que te amava, agora acho que te odeio..." "...As vezes quero ir/ pra algum país distante/ Voltar a ser feliz..."
INSTINTIVO (erotismo)
"Aquele gosto amargo do teu corpo/ Ficou na minha boca por mais tempo..." "Teu corpo é meu espelho e te navego..." "Soothe the young man's sweating forehead/ Touch the naked stem held hidden there/ Safe in such dark hayseed wired nest..."

Ficção (novo conto)


O Livro


Prefácio (anônimo) - Cada grande cultura possui pelo menos uma obra, que varia de acordo com o período histórico e as condições sociais da época em que surge, a respeito da arte do sexo. A China possui, dentre outras, a obra de Li Yu, vulgarmente traduzida como “O Tapete de Carne”; A Índia nos legou o “Kama Sutra”; Da Arábia surgiu “O Jardim das Delícias”; Ovídio escreveu sua “Arte de Amar”; Casa Nova compilou as suas “Memórias” e, ficção ou não temos entre esses clássicos o “Don Juan”. Contudo, de todas essas obras, talvez a única que se compara ao livro do romano, em termos de praticidade e efetividade, é o Kama Sutra. E mesmo assim o manual do romano consegue ser superior, pois não se trata apenas de algumas sugestões e uma compilação de posições eróticas, mas aborda a questão de forma mais profunda e sutil. No entanto, lamentavelmente, por algum capricho do acaso, talvez antevendo os séculos de puritanismo hipócrita que viriam pela frente, a obra quase que se perdeu com o passar do tempo, restando apenas pouquíssimos exemplares, geralmente pertencendo a colecionadores e negociantes de artes.

Seu nome era Marcus Diocleciano, mais conhecido como “o romano”. Nasceu na região da Gália, cerca de 80 a.C., e muito jovem se mudou para a capital do Império: Roma. Passou lá grande parte de sua vida, mais tarde retornado a Gália. Diz-se que em Roma ele, embora plebeu, foi um homem bastante influente, conquistando amizades em altos cargos; e que, talvez por isso, ele tenha levado uma vida de libertino, se entregando com freqüência aos prazeres e excessos. A capital do império era um lugar decadente, dividido entre patrícios e plebeus. A classe dos patrícios era a mais abastada: políticos, nobres e outros da mesma estirpe. Quanto aos plebeus; eram todos os outros, dos mais ricos aos mais miseráveis; e a cidade estava cheia deles, vindos de todas as partes do império, trazendo os mais variados hábitos e costumes. Roma era um caldeirão fervilhante, pronto para entornar; a única coisa que ainda mantinha o controle em toda a loucura da sociedade era a política do “pão e circo”. Alimento gratuito e muita diversão: das corridas de bigas às sangrentas batalhas de gladiadores, a cidade tinha arenas em todos os cantos, e não só arenas, visto que a brutalidade não era o único instinto a ser incitado. Dois universos distintos dividiam a cidade: os luxuosos jardins e palácios da nobreza, e as ruas e vielas escuras da plebe; mas uma coisa esses dois mundos tinham em comum: o vício e a luxúria eram palavras de ordem. Dizem que o romano se movia com inigualável desenvoltura por esses dois universos; ao menos é o que consta em sua obra. Das mais luxuosas orgias nos palácios de senadores e magistrados, repletas de belas mulheres e belos homens, regados a vinho e musica de flautas; aos mais sombrios bacanais, nos escuros e nauseantes prostíbulos da cidade; o romano aprendia os mais obscuros segredos da luxuria, e não tardava em pô-los em prática. Dizem que entre todas as suas ocupações, e ao menos é o que consta de sua obra, o romano era também um deflorador profissional, e sobre essa arte escreveu todo um capítulo de sua obra explicando detalhadamente as mais diversas técnicas para se desvirginar uma mulher. Cumpre dizer que, naquele período, jovens e tímidas virgens não eram tidas em tão alta estima; dessa maneira os donos de prostíbulos e até mesmo algumas mulheres de família contratavam esses defloradores profissionais, para que pudessem iniciar essas jovens e tímidas virgens no caminho do amor, tornando-as experientes e aptas para agradarem os clientes ou amantes. Dentre todos esses, o romano era o mais conhecido e solicitado, por motivos que ele não deixa claro em sua obra, mas que podemos especular. Desse modo, ao longo dos anos e como um representante aplicado de sua profissão, o romano alega ter desvirginado centenas de jovens, das mais altas e das mais baixas classes; belas e perfumosas a não tão belas ou agradáveis. O que lhe conferiu toda a experiência e conhecimento a respeito dessa arte, compilados na obra que o leitor tem em mãos.