domingo, 16 de agosto de 2009

Soneto (Miséria)

Restos estragados, frutas podres
E um pão duro achado na lixeira.
Eis nosso jantar de sexta - feira:
Um brinde a fome vil - Musa dos pobres.

Somos mendigos sim! No entanto, nobres
No reino da miséria e da sujeira
Comendo restos, sentados a beira
Da sarjeta imunda dos casebres.

Com o ventre a roncar vamos a cata
De um bolo velho ou queijo mofado
Em cada lixo que estiver em cada lata.

E como todos, seguimos nosso fado:
Matar de qualquer jeito o que nos mata...
Devorar antes de ser devorado.

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